quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Braza Dormida


Brasil - 1928 - Drama - P&B - 60 min - 35mm
Direção: Humberto Mauro
Produção: Agenor Cortes de Barros e Homero Cortes Domingues
Direção de fotografia: Edgar Brazil
Montagem: Humberto Mauro
Companhia produtora: Phebo Brasil Film
Distribuição: Universal Pictures do Brasil
Cenografia: Paschoal Ciodaro
Laboratório: Benedetti Film
Lançamento: 4 de março de 1929
Elenco:Luiz Soroa (Luís Soares), Nita Ney (Anita Silva), Pedro Fantol (Pedro Bento), Máximo Serrano (Máximo), Rosendo Franco (operário), Cortes Real (Carlos Silva), Paschoal Ciodaro (capataz), Haroldo Mauro, José Venâncio de Godoy e Francisco Assis Barros Farias (torcedores do Jockey Club), Vidoque (operário que almoça no jardim) e Edgar Brazil
Sinopse:Luís Soares, elegante jovem carioca, perde nas corridas de cavalo o dinheiro que lhe restava. Casualmente, lê um anúncio procurando pessoa para gerenciar uma usina de açúcar. Luís apresenta-se ao usineiro e é aceito para o cargo. Na ocasião, conhece Anita, filha do milionário, e um interesse mútuo surge entre eles. Já na usina, no interior de Minas Gerais, Luís mostra-se eficiente e trabalhador. Seu principal colaborador é Máximo, enteado de Pedro Bento - ex-gerente da usina, despedido por incompetência -, sistematicamente maltratado pelo padrasto.
O usineiro e a filha vão passar uma temporada na fazenda e as relações entre Luís e Anita aprofundam-se. Há idílios campestres observados de longe por Pedro Bento, que é visto escrevendo sem parar misteriosas cartas. O usineiro recebe cartas anônimas denunciando o namoro da filha com Luís; como não conhece a família do rapaz, veta qualquer idéia de casamento e resolve levar Anita de volta para o Rio de Janeiro.
Luís e Máximo vão à capital no dia do aniversário de Anita. Aproveitando a ausência de Luís, Pedro Bento dinamita a chaminé da usina. Luís e Pedro Bento discutem e lutam à beira dos tanques de melado fervente. Durante a briga, Pedro Bento cai na caldeira de melado e morre afogado.
O usineiro descobre que Luís é filho de um velho colega e amigo seu. Anita e Luís casam-se e partem em lua-de-mel.Este filme é um dos grandes clássicos da época do cinema mudo brasileiro.



Filme retirado do Youtbe:http://www.youtube.com/watch?v=un_jCnDTOXk&feature=related

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Um pouco sobre Humberto Mauro

Humberto Duarte Mauro nasceu no dia 30 de abril de 1897 na Fazenda Volta Grande no estado de Minas Gerais.
Ele cresceu em Cataguases onde já demonstrou uma habilidade incomum e manual prático, construiu o primeiro equipamento receptor de rádio de sua cidade ele estudou música, mecânica, elétrica e entrou numa fábrica que forneceu muitas explorações e agricultores da Zona da Mata.

Humberto Mauro em 1922 tornou-se interessado na cinematografia e o pesquisador Paulo Emílio Sales Gomes incentivou o próprio a fazer produções de filmes, mas para o lado técnico e não artístico.


Em 1923 Humberto Mauro comprou uma máquina fotográfica e esse gosto pela mecânica artística trouxe um vínculo de amizade com Peter Cornell, um imigrante italiano que foi o fotógrafo mais importante de Cataguases. Os dois começaram a ter um “caso” com o cinema, uniram-se e foi gravado o primeiro curta, Valadião, O Cratera (1925), um filme de aventura de cinco minutos, com alguns elementos de humor. A partir desse período Humberto Mauro iniciou suas obras, foi um dos pioneiros do cinema brasileiro, seus filmes são do período de 1925 a 1974 sempre com temas brasileiros.


Abaixo estão suas obras até o fim do Cinema Silencioso:


1925
VALADIÃO, O CRATERA(curta-metragem)
co-diretor e diretor de fotografia



1926
NA PRIMAVERA DA VIDA
diretor e roteirista



1927
THESOURO PERDIDO
diretor, roteirista, diretor de fotografia e ator



1928
SYNPHONIA DE CATAGUAZES(curta-metragem)
diretor



1928
BRAZA DORMIDA
diretor, roteirista e montador


1929
SANGUE MINEIRO
diretor e roteirista



1930
LÁBIOS SEM BEIJOS
diretor, diretor de fotografia e ator



Bibliografia: VIANY, Alex. Humberto Mauro, sua Vida, sua Arte, sua Trajetória no. Cinema. Rio de Janeiro: Artenova/Embrafilme, 1978.
Foto retirada do site: http://www.algosobre.com.br/images/stories/assuntos/biografias/Humberto_Mauro.jpg
Video retirado do Youtube

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Nhô Anastácio Chegou de Viagem

Nhô Anastácio Chegou de Viagem é a primeira comédia brasileira, datada de 1908, com a duração de 15 minutos, feita no Rio de Janeiro, filmada por Marc Ferrez e interpretada pelo ator, acrobata e cantor José Gonçalves Leonardo, que, chega ao Rio de Janeiro (capital do Brasil na época) se encanta com os prédios da Cidade Maravilhosa, apaixona-se por uma cantora e com a chegada da sua esposa se envolve em várias confusões. É considerado o pioneiro a exibir a vida sertaneja e seus costumes.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sobre as músicas e compositores do Brasil


Nos primórdios do cinema brasileiro, não existia ainda um aparelho que captasse o áudio junto com a imagem, como acontece nos dias de hoje. Mesmo assim, sempre houve o acompanhamento de músicas populares de uma maneira mais “poética”.

As sessões de filmes mudos, não seria normalmente visto em completo silêncio, muitas vezes eram acompanhados por música ao vivo, geralmente improvisada por um pianista ou orquestra. Já no início da indústria do cinema a música foi reconhecida como uma parte essencial de qualquer filme, o clima para a ação de colocar na tela. No começo no cinema brasileiro ofereceu operetas ( é um tipo de teatro musical) com cantores realizando por trás da tela.

Os cinemas geralmente tinha um pianista para acompanhar a projeção ou até mesmo grandes orquestras, assim podendo até mesmo adicionar os efeitos sonoros. Conforme o crescimento da indústria cinematografica e o tamanho da produção do cinema mudo, a empresa se tornou a principal fonte de emprego para músicos.

Também havia personagens cantantes que dublavam o som da própria voz, assim trazia um maior divertimento para as pessoas presentes no “show”. Abaixo, alguns exemplos de músicos:

• José do Cavaquinho – Guitarrista, Flautista, maestro e Compositor, era um dos artistas que se postavam atrás da tela para realizar enredos musicais para os filmes.



• Ernesto Nazareth - trabalhou e criou fama como pianista da sala de espera do cinema Odeon, para o qual compôs o tango "Odeon", uma de suas peças mais célebres, que ganhou uma popular transcrição para violão.




• Ari Barroso – empregou-se como pianista no Cinema Íris, no Largo da Carioca e, mais tarde, na sala de espera do Teatro Carlos Gomes com a orquestra do maestro Sebastião Cirino.

Infelizmente poucas composições sobreviveram a partir deste período, musicólogos frequentemente encontrar problemas ao tentar fazer uma reconstrução precisa das composições restantes.

Abaixo um registro com mais músicos e artistas da época:















Ernesto Nazareth ouviu os sons que vinham da rua, tocados por nossos músicos populares, e os levou para o piano, dando-lhes roupagem requintada. Sua obra se situa, assim, na fronteira do popular com o erudito, transitando à vontade pelas duas áreas. Em nada destoa se interpretada por um concertista, como Arthur Moreira Lima, ou um chorão como Jacó do Bandolim.

O espírito do choro estará sempre presente, estilizado nas teclas do primeiro ou voltando às origens nas cordas do segundo. E é esse espírito, essa síntese da própria música de choro, que marca a série de seus quase cem tangos-brasileiros, à qual pertence "Odeon". Obra-prima no gênero, este tango é apenas mais uma das inúmeras peças de Nazareth em que "melodia, harmonia e ritmo se entrosam de maneira quase espontânea, com refinamento de expressão", como opina o pianista-musicólogo Aloysio de Alencar Pinto.


"Odeon" é dedicado à empresa Zambelli & Cia., dona do cinema homenageado no título, onde o autor tocou na sala de espera. Localizado na Avenida Rio Branco 137, possuía duas salas de projeção e considerado um dos "mais chics cinematógraphos do Rio de Janeíro". Em 1968, a pedido de Nara Leão, Vinícius de Moraes fez uma letra para "Odeon":

Ai, quem me dera / O meu chorinho / Tanto tempo abandonado / E a melancolia que eu sentia / Quando ouvia / Ele fazer tanto chorar / Ai, nem me lembro / Há tanto, tanto / Todo o encanto / De um passado / Que era lindo / Era triste, era bom / Igualzinho a um chorinho/ Chamado Odeon.
Terçando flauta e cavaquinho / Meu chorinho se desata / Tira da canção do violão / Esse bordão / Que me dá vida / Que me mata / É só carinho / O meu chorinho / Quando pega e chega / Assim devagarzinho / Meia-luz, meia-voz, meio tom / Meu chorinho chamado Odeon
Ah, vem depressa / Chorinho querido, vem / Mostrar a graça / Que o choro sentido tem / Quanto tempo passou / Quanta coisa mudou / Já ninguém chora mais por ninguém / Ah, quem diria que um dia / Chorinho meu, você viria / Com a graça que o amor lhe deu / Pra dizer "não faz mal / Tanto faz, tanto fez / Eu voltei pra chorar com vocês"
Chora bastante meu chorinho / Teu chorinho de saudade / Diz ao bandolim pra não tocar / Tão lindo assim / Porque parece até maldade / Ai, meu chorinho / Eu só queria / Transformar em realidade / A poesia / Ai, que lindo, ai, que triste, ai, que bom / De um chorinho chamado Odeon
Chorinho antigo, chorinho amigo / Eu até hoje ainda percebo essa ilusão / Essa saudade que vai comigo / E até parece aquela prece / Que sai só do coração / Se eu pudesse recordar / E ser criança / Se eu pudesse renovar / Minha esperança / Se eu pudesse me lembrar / Como se dança / Esse chorinho / Que hoje em dia Ninguém sabe mais.
Fonte: A Canção no Tempo - Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello - Editora 34

Foto retirada do site: http://www.sfreinobreza.com/itajazzbandbatuta.jpg e dos acervos da Cinemateca Brasileira
http://cifrantiga3.blogspot.com/2006/03/odeon.html

Notícia no Jornal Caderno B/Especial


Motivos que levaram o cinema mudo brasileiro a entrar em decadência


A chegada do Sonoro no Cinema Brasileiro foi no começo de 1930, Leal e Labanca pioneiro com a introdução da primeira versão do filme Viúva Alegre, que foi exibida em Paris, com isso outras empresas cinematográficas surgiram, o cinema brasileiro foi ganhando prestígio. Mas surgiu a Primeira Guerra Mundial, a indústria cinematográfica brasileira deu seus primeiros passos para enfrentar as dificuldades financeiras e técnicas da época. Assim os filmes ficaram mais caros e os filmes brasileiros entraram em declínio, pois não poderiam competir com a indústria de cinema estrangeiro.

Entre 1927 e 1929 as primeiras experiências foram realizadas com o mais novo artefato o som, o filme O Tesouro Perdido ganhou uma premiação de melhor filme do ano feita revista Cinearte. Durante o período de 1931, Humberto Mauro juntou-se com o diretor Ademar Gonzaga que se dedicou a produzir filmes populares como dramas e comédias musicais, e assim surgiu a Cinédia.
Os filmes de gênero carnavalesco, com a participação de cantores populares como Carmen Miranda com Olá, olá, Brasil (1934), foi o maior sucesso popular até então continuou até a década de 1950.

Limite


Limite foi feito durante o período de transição entre o cinema mudo e sonoro por Mario Peixoto, sendo um dos seus principais trabalhos. É considerado por muitos críticos o melhor da história do cinema brasileiro, tornou-se um verdadeiro mito no cinema no país, além de ser o filme que encerra a fase do cinema mudo.
É um trabalho surrealista, lidar com os conflitos causados pelas condições humanas e como a vida conspira para impedir a realização plena do homem.

Três pessoas (protagonistas) ficam sem comida, em um barco à deriva, cada um destes personagens tem um passado particular... Mario Peixoto inclui alegorias, metáforas, imagens sugestivas e experimentais.

Com uma excelente fotografia de Edgar Brasil, sendo acompanhado com uma coleção de belas e clássicas obras musicais, assim tornando-se um espetáculo internacional.

Limite (1930) - 120 min.
Diretor: Mario Peixoto
Fotografia: Edgar Brasil
Produtor: Mario Peixoto
Música: Erik Satie, Claude Debussy, Alexander Borodin, Maurice Ravel, Igor Stravinsky, César Frank, Sergei Prokofiev
Aristas: Iolanda Bernardes, Edgar Brasil, Olga Breno, Brutus Pedreira, Mario Peixoto, Tatiana Rey, Carmen Santos, Raul Schnoor

Filme retirado do youtube

Referências Bibliográficas:Castro, Emil. Jogos de Armar: a vida do solitário Mário Peixoto. Rio de Janeiro: Lacerda, 2000.

Couto, José Geraldo. “Filme vai recriar os bastidores de Limite”. Folha de São Paulo. São Paulo: 21 de fevereiro de 1996


Paulo Emílio Salles Gomes e sua importância no cinema brasileiro



Quem deu início as pesquisas, um novo estilo de crítica cinematográfica dos primórdios do cinema brasileiro foi, Paulo Emílio Salles Gomes, pois antes dele só existiam pequenas crônicas do assunto. Portanto podemos afirmar que ele foi o fundador dos estudos cinematográficos no Brasil.

Um pesquisador que procura encontrar na história do cinema brasileiro uma experiência única e histórica, escrever as críticas de forma coerente, com uma profunda compreensão do significado cultural do cinema.

Paulo Emilio Salles Gomes era capaz de reconhecer um trabalho importante, e ajudar os espectadores comum a compreender e valorizar a sua importância com suas críticas, tinha uma visão abrangente dos mais diversos genêros da cinematografia.
Um homem muito taxado pelos críticos como nacionalista, por ter um raciocínio muito positivo a respeito do cinema brasileiro, "subestimando" a importância de festivais internacionais de cinema, pois se importava mais com o público e o mercado brasileiro da filmografia nacional.
Ele não foi apenas um crítico, também foi um colega dos diretores mais importantes, um militante que entendeu a crítica de cinema como uma missão.
Ele entendeu que a cinematografia brasileira não foi um fenômeno isolado na sociedade. A formação de um cinema verdadeiramente nacional era parte de um amplo processo de formação de uma nova identidade brasileira.

foto retirada do site: http://www.pernambuco.com
Referências Bibliográficas:
GOMES, Paulo Emílio Sales. Cinema: trajetória no subdesenvolvimento. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980.

Lanterna mágica

Um dispositivo óptico, um percursor cinematographo que foi inventado na Europa. Um desses artefatos, foi inventado com base da camera escura como um jogo de lentes e um suporte deslizante onde colocavam transparências pintadas sobre uma placa de vidro, essas imagens se projetavam com uma lâmpada de velas, lembrando que na época não existia luz eléctrica, ao desenvolver a Lanterna Mágica ela se popularizava e ia encontrando métodos mais práticos com o tempo.


A Lanterna Mágica não foi utilizada somente para a projeção de filmes ou para qualquer outro tipo de entretenimento, foi também um projeto utilizado para mais variados trabalhos importantes como, o aprendizado em instituições de ensino de forma visual e até mesmo na medicina um método curativo para certos tipos de epilepsia, entre outros.

Esse aparato foi sem dúvida um grande passo para a indústria cinematografica, assim dando amplitude para mais novos inventos do gênero, abaixo são outros tipos de Lanterna Mágica inventadas na época:



Fenaquistiscopio: Vem do grego espectador ilusório, consistem vários desenhos em um mesmo objeto, em posições ligeiramente diferentes, distribuidos por uma placa circular e quando a placa gira na frente de um espelho, cria-se uma ilusão de imagem em movimento;





Traumatópo: Também chamado como Rotocópio é uma máquina que reproduz o movimento mediante a imagem. Ele é um disco com dois lados com imagens diferentes em cada um, quando ela gira rapidamente as imagens se unem, provocando a ilusão de óptica que as imagens estão juntas, ou seja, transformando-nas em uma só;



Zòotropo: Vem do grego (vida girar), ele é composto por um tambor redondo com alguns furos e através deles o espectador pode observar os diversos desenhos de dentro dele e ao girar dá o movimento as figuras;





Zoopraxiscopio: Um elemento que foi muito importante na evolução do cinema, projetada as imagens situadas em discos de cristais giratórios em uma rápida sucessão, para dar a impressão de movimento.


imagens retiradas dos sites: http://animacaodeimagens.blogspot.com/ http://www.marcosmaurilioribeiro.net/

Referências Bibliográficas: Mannoni,Laurent . A Grande Arte da Luz e da Sombra.SENAC, 2003

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Relação entre a Primeira Usina e os Primeiros Filmes

O cinema brasileiro praticamente não existe nos dez primeiros anos, tudo isso devido à precariedade no fornecimento de energia elétrica. Até que em 1907, foi inaugurada a usina de Ribeirão das Lages (foto ao lado), junto com a usina quase uma dezena de salas de exibição foram abertas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Heitor Villa Lobos

No decorrer da pesquisa, informações conflitantes foram aparecendo... Por exemplo, no livro do Tinhorão está escrito que Villa Lobos tocava nas salas de espera do cinema mudo, mas ao entrar no site (http://www.museuvillalobos.org.br) e ler toda a biografia não foi encontrada essa informação, pelos motivos acima citados entrou-se em contato com o site, a resposta obtida foi que Villa Lobos participou sim do Cinema Mudo, ele tocava nas salas do ODEON, mas infelizmente não se tem as músicas uma vez que não se tratava de concertos e sim de música ambiente...