quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Entrevista com Carlos Roberto de Souza - Cinemateca




Entrevista feita por Beatriz Abarca e Katia Ferrari
com Carlos Roberto de Souza

Você está acompanhando e organizando as Jornadas Brasileiras do Cinema Silencioso que já são três, de onde surgiu a idéia desse evento?

R: Desde 2002 se reúne aqui na Cinemateca um grupo de pesquisadores, professores e todos relacionados com o cinema brasileiro. Agente se reúne mensalmente desde Abril de 2002...
Nós vimos todos os filmes silenciosos brasileiros que existem, então todos os textos e filmes já lidos e visto esse grupo discute. Lá para 2006 achamos que precisávamos ter produtos palpáveis... E surgiu essa coisa pra fazer e acabou se chamando de Jornada, mas inicialmente era uma coisa mais acadêmica como seminários, eu achei legal, mas não achei muito legal a minha idéia era fazer algo de repercussão mesmo... Em 2007 desenhei o que era a Jornada e ai foi um sucesso a primeira Jornada foi uma loucura de descobertas...

Qual a sua participação na Socine?

R: O grupo da Cinemateca de pesquisa propôs um trabalho com seminários temático somente sobre Cinema Silencioso.

Da onde surgiu a vontade de estudar o Cinema Silencioso Brasileiro?

R: Simples. Eu nunca fui cinéfilo tanto que comecei a fazer cinema meio que por acaso. Em 1969 me perguntaram por que eu não faria cinema e já existia curso de cinema e prestei e entrei na ECA, foi muito legal, pois a primeira aula de cinema que tive foi com o Paulo Emilio Salles Gomes e ai ele deu um curso exatamente sobre o tema Cinema Silencioso Universal e depois o Cinema Brasileiro e eu acabei me interessando pelo Cinema Silencioso...

Qual sua opinião sobre os acervos do Cinema Silencioso?

R: O Acervo que agente tem acesso na verdade são quase 10% das coisas que existem.

Você seguiu algum teórico, ou alguém que direcionasse o caminho para suas pesquisas?

R: O Paulo Emílio era uma pessoa fantástica, quem estimulou na verdade a pesquisa sobre o cinema brasileiro foi ele. Também foi um dos fundadores da Cinemateca...

Entre Paulo Emilio Salles Gomes e Jean-Claude Bernardet cada um segue uma linha de pesquisa e pensamento com qual dos dois você concorda? Por quê?

R: O Jean-Claude tem essa postura polêmica e provocadora que eu acho legal, mas o que me incomoda é o fato de não construir respostas... O livro legal que eu acho é “Propostas para uma história / Jean-Claude Bernardet. Autor: Bernardet, Jean Claude. Rio de Janeiro: Paz e Terra”...

Hipoteticamente, se pudesse voltar no tempo, qual diretor/inventor/criador gostaria de conhecer? E por quê?

R: Adorei essa pergunta. Na verdade a cada momento tenho vontade de conhecer um... Em termos de cinema brasileiro qualquer período, pois sabemos de tão pouco, qualquer momento que voltássemos e pudéssemos testemunhar algo seria deslumbrante...

Como você teve aulas com Paulo Emilio Salles Gomes, fala um pouco sobre ele como pessoa?
R: Ele era muito divertido... Existem pessoas que conseguem fazer da memória do Paulo Emilio uma coisa careta, coisa que ele não era, Paulo Emílio tinha um senso de humor absolutamente extraordinário... Ser divertido não significa ser superficial é coisa de profundidade mesmo.

Como você se definiria como pesquisador do Cinema Silencioso?
R: Eu não sou teórico, algumas pessoas dizem que sou, mas não sou eu sou. Sou pesquisador mesmo, eu gosto de fonte, eu gosto de revistas velhas, jornais velhos, filmes velhos... Você tem vários teóricos, acho super legal, mas na hora de trabalhar eu gosto das coisas mais concretas possíveis.

Sobre os acervos dos filmes da Cinemateca, não existe a possibilidade de uma facilidade de acesso ao material como, por exemplo, na internet?

R: Existe um projeto, não sei quando será colocado no ar, mas se chama banca de conteúdo. É um projeto da Cinemateca e da Secretaria do Ministério da Ciência e Tecnologia, está sendo digitalizado teoricamente tudo que existe do Cinema Brasileiro e que vai ser colocado tudo na internet para as pessoas verem...
Como é feita a escolha dos temas das Jornadas?

R: Na verdade a escolha é meio circunstancial, o japonês foi por causa dos 100 anos de imigração, do Francês foi por causa do ano da França no Brasil e o ano que vem eu já disse que vai ser Suécia porque eu quero que seja Suécia. (risos)
Já acertei com a Cinemateca da Suécia, o diretor de lá vai vir para fazermos a primeira palestra, já está tudo certo...

Sobre os músicos brasileiros que ficavam atrás das telas, o que me diz sobre eles?

R: Os que cantavam atrás das telas, têm algumas referencias no livro do Araújo, Vicente de Paula – A bela época do cinema brasileiro. São Paulo: Editora Perspectiva (Debates), 1976. Não encontra é difícil, talvez só as orquestras...

Para finalizar o que você acha da nossa proposta? A mistura do antigo (cinema mudo brasileiro) com a atualidade (um blog)?

R: Acho ótimo. É mais fácil as pessoas saberem desse assunto através via internet do que via livro... As pessoas caem de repente no blog, quem estiver pesquisando algo...Via blog é capaz de despertar interesse de alguém...Achei muito interessante o trabalho de vocês...
Foto tirada pela Beatriz Abarca e Katia Ferrari

2 comentários:

  1. Excelente entrevista! Excelente pessoa! Escelente idéia! As idealizadoras do blog estão de parabéns!! A corrido para o recolhimento desse material deve ter sido bem difícil. De qualquer forma está valendo muito a pena! Gostaria de ver com vocês se tem mais algum filme a ser postado, afinal, não encontramos quase nada do cinema silencioso brasileiro hoje em dia.

    Abraços

    Alice Gonçalves

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  2. Olá Alice

    Já temos alguns filmes, mas estamos com dificuldades em posta-los no blog pois é muito pesado...Vamos edita-los mesmo não colocando eles completos você terá uma ideia dos filmes e informaremos aonde voce poderá assitilos inteiros ok
    beijo

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