quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Jose Inácio Melo Souza - autor do livro - Imagens do Passado (Ping Pong)

Entrevista com Jose Inácio Melo Souza






José Inácio de Melo Souza é ensaísta, autor de diversos livros sobre o cinema brasileiro, entre eles o livro “Imagens do Passado” que nos proporcionou um baseamento de pesquisa. José Inácio foi uma das peças fundamentais para este trabalho e principalmente pela a entrevista que nos foi concedida abaixo.

Qual ou quem te inspirou para escrever o livro “Imagens do Passado”?

R: Imagens do passado foi o resultado de uma pesquisa que comecei a fazer quando estava em fase de término de outra, a que realizei sobre o organizador da Cinemateca Brasileira, Paulo Emilio Salles Gomes, ou seja, por volta de 1998-99. A revisão da bibliografia sobre o cinema mudo e a organização da nova documentação resultaram num curso dado no segundo semestre de 2001, que preparei para a pós-graduação da Unicamp, na área de Sociologia da Cultura, com uma bolsa de Pós-Doutorado da Fapesp. O livro é em boa medida a expressão em papel para um público mais amplo do curso, que teve uma média de seis ou sete alunos.


Qual a maior dificuldade encontrada no caminho percorrido?

R: Sem dúvida a fragilidade das bibliotecas paulistas. Para os jornais do Rio de Janeiro tínhamos que contar com a boa vontade dos funcionários da Biblioteca Mário de Andrade em função no “depósito” de periódicos de Santo Amaro. Havia uma agenda de marcação de consultas, que com o tempo foi se restringindo até restar um dia por semana. Hoje nem isso. Outra biblioteca importante pela sua coleção de revistas do começo do século, a do Instituto Histórico e Geográfico, foi fechada com a crise da instituição. Quando tive que fotografar algumas imagens de revistas antigas para o livro, em 2002, alguns números que tinha pesquisado antes não foram localizados. Até hoje a biblioteca do Instituto continua fechada ao público.


Você seguiu algum teórico, ou alguém que direcionasse o caminho?

R: O processo de discussão das idéias e teorias sobre História, campo que me é mais próximo, em circulação no nosso tempo é permanente. Sobre a revisão do cinema mudo, sem dúvida o questionamento de Jean-Claude Bernardet sobre os primórdios do cinema no Brasil publicada em 1995 (Historiografia clássica do cinema brasileiro) foi importante para balizar o caminho, uma discussão que, no âmbito internacional, tinha começado no final da década de 1970.


Quais os filmes de cinema mudo brasileiro você assistiu?

R: Os que foram possíveis de visualização, já que a maior parte da produção entre 1898 e 1934 se perdeu.


Qual a sua opinião sobre os acervos de cinema mudo brasileiro?
R: Existem os privados que precisariam se mais públicos, como o da Cinédia, do Rio de Janeiro. Existem os públicos, como a Mário de Andrade, sobre o qual aguardamos que a reforma em andamento traga resultados positivos para os consulentes. E existem as surpresas que beneficiam a todos como a expansão da Cinemateca Brasileira e os novos acervos abertos como o de Marc Ferrez, no Arquivo Nacional, ou os fundos sobre salas de cinema do Arquivo Municipal Washington Luiz.



Entre Paulo Emilio Salles Gomes e Jean-Claude Bernardet cada um segue uma linha de pesquisa e pensamento com qual dos dois você concorda? Por quê?

R: Com ambos. Os dois são ensaístas e historiadores de alto nível.


Para finalizar o que você acha da nossa proposta? A mistura do antigo (cinema mudo brasileiro) com a atualidade (um blog)?

R: O passado tem que ser difundido pelos meios modernos. Porque não um blog?



Entrevista feita por Beatriz Abarca e katia Ferrari com José Inacio de Melo Souza

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